Guerra deve ter impacto negativo de até 120 dias sobre a aviação comercial, diz Abear

Compartilhe!

Curtir
Presidente da associação das empresas aéreas mostrou dados, elogiou o avanço da vacinação contra covid no estado e alertou sobre o conflito na Ucrânia
 
No início da pandemia do coronavírus, em 2020, a aviação comercial brasileira operou com 7% de sua capacidade, na comparação com o período normal de 2019. Foi a maior crise mundial desde a criação das instituições internacionais, como a International Air Transport Association (IATA), logo depois na Segunda Grande Guerra. “Muito pior que o 11 de setembro”, comparou Eduardo Sanonicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que abordou o tema “Cenários da Aviação”, durante o Fórum Band News Expo Visite SP, realizado com apoio da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado.
 
Em fevereiro passado a aviação doméstica operou com 72,7%. Dezembro de 2021 foi o melhor mês desde início da pandemia: 84,7% comparado ao realizado em 2019. Abril de 2021, segundo Sanovicz, marca o retorno consistente das operações, como resultado do avanço da vacinação principalmente em SP, principal mercado emissor. Desde então os resultados são positivos, sendo que a oscilação negativa em janeiro e fevereiro últimos ocorreram mais pela sazonalidade do mercado. 
 
Aí, veio a guerra entre Rússia e Ucrânia, desta vez afetando as aéreas em outro ponto. “Mais da metade dos custos na aviação são dolarizados”, lembrou o executivo. Segundo Sanovicz, a combinação dólar-combustível representa 38% dos custos. “Mesmo que 90% do querosene consumido seja produzido no Brasil, o pagamento é como se fosse no exterior”. 
 
“Viveremos um cenário muito difícil pelos próximos 90, 120 dias. Haverá impacto tarifário e a necessidade de revisão de rotas que não tenham capacidade econômica”, disse. Tradução: empresas deixarão de operar as linhas menos rentáveis.
 
Sanovicz encerrou listando fatos e tendências a serem observadas: “São Paulo se tornou vital, já que avançou muito na vacinação e na estruturação de destinos”, disse. “O foco será o mercado doméstico, devido ao câmbio. Lembrando que a guerra nos impacta, mas as respostas a ela não estão aqui no Brasil”. 
 
Sinalizou também pontos positivos: “Aprendemos muito durante a pandemia; fortalecemos a resiliência do mercado e teremos condições de atravessar mais esta crise, além de conseguimos retornar rápido”. No final da palestra, o presidente da Abear lembrou o exemplo da ação do “SP Pra Todos”, que reduziu ICMS sobre o combustível de aviação no estado, gerando a criação de mais de 700 novas frequências semanais “de/para” aeroportos paulistas. “Agora, concedidos, os aeroportos passarão por obras que, concluídas, permitirão o retorno das operações depois de 60 dias. Isso renovará o turismo e incentivará a economia no interior do estado”.