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Santos - São Paulo - Brasil, 25 de abril de 2024.
 
 
30/03/2022
NOTÍCIAS
Empresários, acadêmicos e setor público analisam a Economia do Visitante durante seminário
Encontro retira o foco dos turistas e chama a atenção para os impactos positivos causados pelos investimentos no setor
 
“Economia do visitante – São Paulo consolida estratégia no setor de turismo” foi o evento realizado hoje, 30, na capital paulista, organizado pelos jornais Valor e O Globo, com patrocínio do SPCVB e Associação Brasileira das Empresas Aéreas e o apoio da Secretaria de Turismo e Viagens e rádio CBN.

Em cinco painéis, empresários, estudiosos e agentes públicos (secretários de estado e prefeitos) analisaram a abrangência da chamada Economia do Visitante: os impactos e as consequências positivas nos destinos turísticos, principalmente sob o ponto de vista da ativação de negócios em diversas frentes: cultura, eventos comerciais, shows e espetáculos, alimentação e produção de alimentos, transportes e mobilidade urbana, mercado imobiliário e investimentos. Na Economia do Visitante o foco deixa de ser no “turista” e passa a ser em toda a cadeia produtiva local que é ativada para atendê-lo.

Na abertura, o secretário de Turismo e Viagens, Vinicius Lummertz, abordou o potencial do turismo de SP e a estratégia de apostar no segmento como vetor econômico poderoso. "É preciso saber que onde tem turismo, não tem desemprego e que temos a capacidade de multiplicar nossos ganhos a partir de atividades ligadas ao setor", disse. "E esta foi uma decisão estratégica na atual gestão", afirmou.

Ao seu lado, o professor português Carlos da Costa, diretor do departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo, da Universidade de Aveiros, tratou do conceito da economia do visitante. Segundo ele, esta é a melhor maneira de definir o impacto real do turismo em um destino. "É uma forma mais completa de verificar a amplitude da experiência do turista em todo o espaço, uma vez que considera também seus efeitos indiretos e induzidos", disse o professor.


 
Cultura e volumetria de mercado - Para falar sobre “A visão do investidor e a transformação no turismo paulista através do mercado imobiliário”, o evento recebeu Alex Alard, do Cidade Matarazzo, Eduardo Giestas, do Atlantica de Hotels, e Juliana Mello, diretora e sócia da Fortsec, empresa de securitização.

O francês Alard, cujo empreendimento próximo à Av. Paulista é uma das boas novidades em hospedagem na capital, ressaltou a importância de valorizar a cultura e a diversidade locais e, com a mesma ênfase, a importância do Brasil como estratégico na preservação da natureza.

O executivo da Atlantica Hotels dividiu o olhar sobre o setor em duas dimensões: volumetria de mercado e capacidade de maximizar. “São Paulo tem aceleração de demanda e de tarifa. Isso levará o mercado a margens superiores a 40%”, disse. “Nesse momento os hotéis precisam fazer caixa para se renovarem, pois a demanda virá”, acredita. Já na volumetria de mercado, Giestas entende que o Brasil é sub ofertado, abaixo até que outros mercados como a Argentina e a Colômbia, havendo potencial enorme para investidores. “Hoje já há alguns modelos de negócio, com funding, e novos modais de hospedagem, como multi proprietários ou os tradicionais condo hotéis. Vejo com otimismo o mercado, que dará melhores resultados para os investidores e mais oferta para os consumidores”.



Especialista em estruturação de negócios, Juliana Mello chamou a atenção para a importância da segurança jurídica na atração dos investidores. Realçou, contudo, os riscos do exagero. “Regular o mercado é importante, porém não pode ser confundido com engessar o mercado”, disse. Para ela é fundamental que os modelos sejam colocados em teste e avaliados de acordo com a evolução e o comportamento do mercado.
 
Experiência - Para falar sobre “Oportunidades Legais: Estímulos ao Ambiente de Negócios”, participaram Alain Baldacci, presidente do Wet´n Wild, Angels Santigosa, diretora de Pesquisa e Área de Promoção Econômica do Barcelona City Council, Fernando Cunha, prefeito da Estância Turística de Olímpia e Luiz Fernando, prefeito de Jundiaí.

Fernando Cunha abordou o case do Distrito Turístico de Olímpia e a importância do investimento privado, que mudou a economia a cidade, que hoje conta com 30 mil leitos de hotel. “A iniciativa privada pode transformar a atividade turística e nós precisamos criar um ambiente seguro para que o empresário possa investir. Um ambiente onde o morador da cidade seja feliz, pois isso reflete diretamente na qualidade turística de um município, fazendo com que o visitante queira ficar mais tempo”.



O prefeito Luiz Fernando comentou sobre a criação do Distrito Turístico de Serra Azul: "A legislação de criação de Distritos Turísticos veio consolidar e dar segurança jurídica para todas as políticas públicas que serão implementadas nos distritos, que muitas vezes são compostos por mais de um município, como é o caso de Serra Azul, que envolve quatro cidades diferentes".
Alain Baldacci falou da importância dos parques temáticos: “Empreendimentos desse tipo proporcionam um turismo de experiência imersiva, na categoria que chamamos de experiência do visitante, contribuindo muito para o fomento da atividade turística. A experiência é o topo da pirâmide do turismo e faz com que os empreendimentos sejam lucrativos. O parque também não se limita ao empreendimento em si, uma vez que ele cria serviços de apoio, como hotelaria, estradas, comércios no entorno, entre outros”, lembrou.

Por fim, Angels Santigosa falou dos "destinos inteligentes", ou smart destinations, que se utilizam de tecnologia, dados e soluções inteligentes para resolver problemas como o fluxo turístico. O case apresentado foi o de Barcelona, que na falta de hotéis suficientes para receber turistas durante os jogos olímpicos de 1992, dedicou parte do investimento imobiliário na requalificação de espaços empresariais para a construção de novas hospedagens, dobrando a oferta hoteleira da cidade.

Distrito Anhembi - O quarto painel, “Eventos Como Estratégia do Desenvolvimento Turístico de São Paulo” teve a participação de Elenice Zaparoli, diretora de eventos do SPCVB, Milena Palumbo - CEO da GL Eventos no Brasil, e do secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão. 

Milena iniciou falando dos investimentos da GL Eventos nas concessões do Anhembi e do São Paulo Expo: “O Brasil é o 3º maior país em investimentos do grupo francês. Foram R$ 400 milhões investidos no São Paulo Expo e R$ 1 bilhão a serem investidos no Distrito Anhembi (tradicional espaço de eventos na Zona Norte da capital), divididos em R$ 500 milhões para renovar os equipamentos já existentes e mais R$ 500 milhões para a construção de uma arena com 20 mil lugares – que transformariam o Anhembi no maior cluster de entretenimento da cidade de São Paulo. Esses investimentos só são possíveis pelo excelente ambiente de negócios e pela confiança jurídica que a cidade oferece”.

O secretário Sérgio Leitão falou da importância do estado no setor de eventos e dos desafios para o futuro. “Hoje, 50% dos eventos ocorridos no Brasil se concentram em nosso estado, distribuídos igualmente entre Capital e interior. O próximo desafio é situar São Paulo no panorama internacional, trazendo capital estrangeiro para o nosso País”. Leitão também comentou sobre os investimentos públicos para o setor: “Grande parte dos eventos são apoiados por meio da lei estadual de incentivo à cultura, que esse ano já separou R$ 100 milhões de reais a serem investidos no setor, por meio de patrocínios empresariais que resultam em renúncia de ICMS, além dos demais programas de fomento, como o Juntos pela Cultura, que terá uma linha voltada para eventos”.



Elenice Zaparoli, SPCVB, relembrou os impactos da pandemia. “Ainda bem que tivemos a união de todas as entidades, inclusive com o trabalho da Setur-SP e de outras Secretarias, para mostrar a importância do nosso setor de eventos”.

Mobilidade e conectividade – Neste painel, um dos destaques ficou por conta do aumento do preço do querosene para a aviação. Segundo Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), “temos que enfrentar este debate sobre a política da precificação e da prática da Petrobrás em relação aos combustíveis. Nos últimos 12 meses o querosene dobrou de preço”, disse.

O secretário João Octaviano Machado Neto, de Logística e Transporte do Estado de São Paulo, enfatizou as Rotas Cênicas idealizadas pela Pasta estadual de Turismo e Viagens, que criarão novas perspectivas para a malha rodoviária, “mesmo porque temos as melhores rodovias do País. Exemplo disso é o trecho entre Taubaté e Campos do Jordão que será todo revitalizado e que, com pontos já definidos pelo Turismo, ganhará em atratividade turística”, explicou o titular dos Transportes.



Já para Marcel Gomes Moure, presidente da rede Voa SP, responsável por 16 aeroportos do interior paulista, informou que os equipamentos regionais, com seus voos executivos, cresceram durante a pandemia. “Precisamos trabalhar para aumentar a vocação turística dos aeroportos que são importantes para o setor. O de Ribeirão Preto, por exemplo, é o quarto aeroporto do Estado, atrás de Guarulhos, Congonhas e Viracopos. Ao lado das excelentes estradas paulistas, sabemos que há uma grande demanda para a utilização dos aeroportos regionais. E assim cada vez mais o turismo será alavancado”, disse Moure.

Externalidades positivas - O encerramento do evento, a economista Zeina Latif lembrou da importância da remoção do “custo Brasil” que, segundo ela, impacta de forma diferente diversos setores. “O agro, por exemplo, consegue ter uma certa blindagem, mas setores compostos por mais interfaces não conseguem. É o caso do Turismo, que tem um ambiente de negócios que sofre mais”.
Por outro lado, lembrou que o setor tem como uma das principais características “a geração de externalidade positivas e, por isso, merece ser olhado com mais atenção”.

 


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